Acontece a cada período de 12 meses ou 365 dias e seis horas. Balanços e apontamentos do que foi e deixou de ser feito. Vivemos em compartimentos como se as coisas não pudessem acontecer ao mesmo tempo. Mesmo a nossa história, é dividida em datas como se, do nada, tudo tivesse se resolvido num dado momento. Talvez por esse motivo, vivemos marcando sempre novas datas e novos compromissos para um futuro que nunca chega. É o regime da segunda-feira, a caminhada e os exercícios físicos para os quais a agenda sempre estará cheia. E por aí vai.
Não vemos padrões de comportamento diferentes em relação aos nossos problemas ambientais ou à nossa consciência em relação ao mundo em que vivemos. Quando o ano novo começa, temos apenas mais um período para fracionar em dias, nossa falta de compromisso e atitudes. Até o final dos próximos 12 meses, vamos jogar novamente três bilhões de litros de óleo de cozinha no ralo. Vamos depositar em lixões e aterros sanitários, bilhões de toneladas de lixo que não é lixo. Por mais 365 dias vamos deixar de tratar o esgoto em grandes e pequenas cidades e negar saneamento básico à boa parte da população deste país. Teremos centenas de reuniões, fóruns, discussões e manifestações para apoiar, defender, criticar e rechaçar idéias, obras e projetos. E o que vai acontecer depois de tudo isso? Nada?
O que precisamos fazer para romper essas barreiras? O que nos impede de colocar em prática aquilo que já estamos “carecas de saber”?
Temos visto o ser humano cada vez mais se achando evoluído. Um criador que se imagina com poderes fantásticos. A última ( ou seria a penúltima) tarefa é encontrar a chamada “partícula de Deus” . Mas de que adianta? Evoluir é muito mais do que isso. Não basta a uma única espécie atingir o mais alto grau de perfeição(seja lá o que isso signifique), se tudo ao seu redor estiver destruído. Mesmo por que, a maior prova de que o processo evolutivo não é estanque é a certeza de não sobrevivermos se continuarmos a agredir o planeta. Apesar de primitivo, creio que esse sentimento ainda é o único freio que nos separa da destruição total. Um ano termina, outro começa. Será que alguma coisa vai mudar?