Confesso que me animei quando do anúncio da obra da estação de tratamento de esgoto de Bauru, a ETE Vargem Limpa. Licitação concluída, pendências equacionadas, contrato assinado e ordem de serviço liberada. Fizemos até as contas em relação ao prazo de 18 meses que consta do cronograma para a entrega da maior obra de saneamento do interior do estado de São Paulo. Já era possível imaginar a recuperação do Rio Bauru e o sonho acalentado por muitos que ainda acreditam que voltarão a pescar o lambari de rabo vermelho em suas águas. Por tabela, contávamos com os efeitos positivos do tratamento do esgoto para o Rio Tietê, destino das águas do Rio Bauru. Mas como diria um ex-professor: Ledo Engano.
Não foram necessários nem três meses para que a maldição das obras públicas, seus atrasos e aditivos desabassem sobre os sonhos de melhoria que o saneamento poderia trazer. Possíveis erros em projetos, diferenças de cálculos, diâmetros que não batem, estacas, lajes e tudo o que nos resta de certeza hoje é que a obra não mais será entregue no prazo e vai ser bem mais cara do que se imaginava. E mesmo com todas as explicações, técnicas ou não, fica uma sensação de derrota, incapacidade, depressão. Derrota por ver que mais uma vez a necessidade primária de uma cidade de quase 120 anos foi atropelada pela falta de respeito com a coisa pública. Incapacidade por concluir que não importa o que façamos, sempre haverá tecnocratas dispostos a dizer que nem tudo precisa ser de conhecimento do cidadão, afinal ele não entende de engenharia. E depressão, por ter acreditado durante algum tempo que seria possível olhar para as cidades vizinhas no Vale do Tietê sem a sensação de sermos responsáveis pelo detrito com o qual suas populações são obrigadas a conviver todos os dias.