A data fixada pela Associação Paulista de Supermercados, 25 de Janeiro de 2012, pode não determinar o “fim das sacolas plásticas” como a campanha da entidade passou a ser popularmente conhecida. A idéia do “Vamos tirar o Planeta do Sufoco” é o tipo de ação que se assemelha aos eventos promovidos para arrecadar fundos para entidades que cuidam de pessoas carentes, crianças desassistidas ou hospitais filantrópicos: em sã consciência, ninguém vai se posicionar de maneira contrária. Mas isso não significa que haja unanimidade em relação ao assunto.
Do ponto de vista da tecnologia disponível hoje para a fabricação e distribuição das chamadas sacolas biodegradáveis, existem muitas dúvidas sobre os resultados da sua utilização. Algumas versões, inclusive são avaliadas como mais prejudiciais do que as próprias sacolas plásticas comuns em função de sua decomposição gerar resíduos que podem provocar até câncer. Outra opção que ainda depende de produção em larga escala para atender a demanda que vai ser originada após a data definida as embalagens produzidas à base de amido de milho e mandioca mas, como mencionado, ainda vai demorar um pouco para que se consiga a abrangência necessária e também tem o custo para o consumidor e isso não pode ser ignorado.
Numa análise mais “mercantil” e menos ambiental, chegaremos a conclusão de que a ação organizada pela associação dos supermercadistas não deixa de ser uma oportunidade de mudar a imagem dos próprios supermercados. Manter suas marcas ligadas a cenas de degradação ambiental, rios, mares e oceanos sujos e com “sacolas de supermercado” boiando e matando animais e peixes, certamente não é algo que se preze numa sociedade cada vez mais associa bons exemplos de ações ambientais com qualidade e responsabilidade. E ainda tem, de quebra, a nova política nacional de resíduos sólidos e a lei entra em vigor em 2014.
Mas isso significa que a ação empresarial do setor é ruim? Não.
Sob o aspecto ambiental, acreditamos que é uma grande oportunidade para mudança de hábitos. Estamos todos na chamada “zona de conforto” . Levamos 20, 30, 50 sacolas para casa e depois as distribuímos de acordo com nossas necessidades. Infelizmente, mesmo argumentando que as sacolas plásticas são reutilizadas e podem ser recicladas, a verdade é que o destino delas nem sempre é o mais adequado. Além disso, é sempre bom lembrar que essa sacola ainda demoram séculos para se decompor. Cremos que a necessidade de utilização das sacolas retornáveis, pode nos permitir uma mudança de hábito importante e muito salutar. Buscar alternativas para o acondicionamento do lixo. Novas maneiras de levar a “compra do mês” para casa e por que não, disciplinar as “idas” ao supermercado, são atividades que podem conter em si um aprendizado com resultados gratificantes. É preciso ter coragem e desprendimento para isso.
Finalmente, uma notícia que talvez não seja agradável para muitos. Atitudes ambientalmente corretas e consciência ambiental ainda não estão disponíveis nas gôndolas do supermercados. Elas demandam esforço, equilíbrio e coragem para quebrar paradigmas e substituir hábitos que mantemos e reforçamos por muitos e muitos anos.
O que para muitos pode se resumir num bom “negócio” para nós pode ser traduzido como uma excelente “oportunidade”.